segunda-feira, 5 de novembro de 2007

manhã de chuva

Dias de chuva branda me deixam em paz. Me sinto bem em dias assim, o barulhinho, a temperatura mais baixa, o céu nublado meio cinza, manhã de chuva. Gosto de ver a paisagem assim da minha janela.


Da janela lateral do quarto de dormir

Vejo uma igreja, um sinal de glória

Vejo um muro branco e um vôo pássaro

Vejo uma grade, um velho sinal

(Fernando Brant e Lô Borges)

domingo, 4 de novembro de 2007

pensamento

Thought: Why does man kill? He kills for food. And not only food: Frequently there must be a beverage.

W. Allen

tropa de elite II


De ontem para hoje conversei com quatro pessoas sobre o filme; dois adultos, um menino de doze anos e um de quatorze, todos gostamos da película em questão. O garoto de doze disse ao ser perguntado sobre o teor de violência, ― Não, não achei violento. Impressionado com as cenas de tortura ou morte? Não, achei normal ― disse. O menino de quatorze disse que gostou muito e até viu duas vezes.
Filme é roteiro, bom de preferência, montagem e atores e cenas bem dirigidas. Tropa de Elite tem tudo isso. Mas além disso, o que fez Tropa cair no gosto de pessoas dos mais diferentes gostos? A gente se identifica, se condói, se distancia, se aproxima, se arrepia de medo ao ver que a polícia (corporação) é também como aparece no filme. De forma bem direta, a classe média é responsabilizada por por seus feitos que se querem irresponsáveis e inocentes. Quando ouço conversas falando do tráfico é como se existisse um corte entre uma ponta e outra, familiares e amigos de consumidores querem o tráfico debelado a qualquer preço, mas perdoam os conhecidos. Para a maioria de nós, quem vende, compra e usa droga não está nunca perto, ao lado, à mesma casa, é quase sempre uma distância quase a perder de vista, mais fácil pensar e agir assim.


O filme também tem a firmeza e a coragem de mostrar o bandido de forma menos romantizada, sem esquecer de tocar na rudeza e falta de oportunidades. O mundo das grandes oportunidades que nos é vendido é desigual, injusto e ilusório. Mas vamos aos fatos, temos medo do que está próximo da gente, o assaltante que leva nosso salário, e se reagirmos, possivelmente a vida. Nesta hora ninguém quer saber se o cara teve sua infância (dele) roubada, se quer ter as mesmas coisas que você ou o vizinho tem; o convite para comprar, ter e conseqüentemente ser, é o mesmo feito a todos. Queremos resolver o problema que nos aflige, e da mesma forma que o bandido chega a nós porque estamos mais próximos, o que nos separa são algumas quadras, nós também preferimos enquadrá-los como a raiz de todo o mal, optamos pelo caminho mais fácil, nós e eles.


Acredito que o filme desperte um sentimento de vingança e alívio, a solucão fácil e fantasiosa que procuramos, mas também provoca dor, desesperança, reflexão sobre nossas responsabilidades, ou a falta delas. Fica também um sentimento de impotência, mas então aparece a tropa de elite (sei que é ficção), incorruptível, treinadíssima, consciente de sua função, ou seja, quase uma entidade que vem proteger e salvar o cidadão comum. Aí é outra história. Volto ao filme daqui a alguns dias, talvez.
A foto mostra meu personagem preferido, Cap. Fábio, interpretado por Milhem Cortaz.

sábado, 3 de novembro de 2007

tropa de elite

O assunto já está esgotado? Vi o filme, que alguns já chamam de O Filme, ontem. Por enquanto, quero senti-lo e pensá-lo um pouco, deixar o impacto passar, para então escrever.
Dei uma rápida passada no blog Diário de um Policial Militar, para me informar sobre histórias em que o filme se baseia, volto mais tarde.

acidente

acidente nº2 (para Filipe)

descendo para trancar a porta
esbarro no degrau
machuca só um pouco
mesmo assim
antes de me deitar
vejo uma pequenina gota rubra
ao todo três cortes nos dedos
e um artelho doído ao adormecer
sob luas feitas para acidentes

sonhando acordada ignoro lâminas e pontas
e de repente encontro uma gota vermelha
inesperada como a primeira folha queimada
como o primeiro floco de neve
como a primeira flor que atravessa a lama gelada

descendo a escada para trancar uma porta
pode haver um prego um pedaço de tábua solta
o inimigo um ladrão
pobre frágil corpo meu


Cyana Leahy

cyanaleahy-dios

ternura samurai

Aço e Flor
Quem nunca viu que a flor,
a faca e a fera
tanto fez como tanto faz,
e a forte flor
que a faca faz na fraca carne,
um pouco menos, um pouco mais,
quem nunca viu a ternura
que vai no fio da lâmina samurai,
esse, nunca vai ser capaz.
Paulo Leminski