domingo, 4 de novembro de 2007

tropa de elite II


De ontem para hoje conversei com quatro pessoas sobre o filme; dois adultos, um menino de doze anos e um de quatorze, todos gostamos da película em questão. O garoto de doze disse ao ser perguntado sobre o teor de violência, ― Não, não achei violento. Impressionado com as cenas de tortura ou morte? Não, achei normal ― disse. O menino de quatorze disse que gostou muito e até viu duas vezes.
Filme é roteiro, bom de preferência, montagem e atores e cenas bem dirigidas. Tropa de Elite tem tudo isso. Mas além disso, o que fez Tropa cair no gosto de pessoas dos mais diferentes gostos? A gente se identifica, se condói, se distancia, se aproxima, se arrepia de medo ao ver que a polícia (corporação) é também como aparece no filme. De forma bem direta, a classe média é responsabilizada por por seus feitos que se querem irresponsáveis e inocentes. Quando ouço conversas falando do tráfico é como se existisse um corte entre uma ponta e outra, familiares e amigos de consumidores querem o tráfico debelado a qualquer preço, mas perdoam os conhecidos. Para a maioria de nós, quem vende, compra e usa droga não está nunca perto, ao lado, à mesma casa, é quase sempre uma distância quase a perder de vista, mais fácil pensar e agir assim.


O filme também tem a firmeza e a coragem de mostrar o bandido de forma menos romantizada, sem esquecer de tocar na rudeza e falta de oportunidades. O mundo das grandes oportunidades que nos é vendido é desigual, injusto e ilusório. Mas vamos aos fatos, temos medo do que está próximo da gente, o assaltante que leva nosso salário, e se reagirmos, possivelmente a vida. Nesta hora ninguém quer saber se o cara teve sua infância (dele) roubada, se quer ter as mesmas coisas que você ou o vizinho tem; o convite para comprar, ter e conseqüentemente ser, é o mesmo feito a todos. Queremos resolver o problema que nos aflige, e da mesma forma que o bandido chega a nós porque estamos mais próximos, o que nos separa são algumas quadras, nós também preferimos enquadrá-los como a raiz de todo o mal, optamos pelo caminho mais fácil, nós e eles.


Acredito que o filme desperte um sentimento de vingança e alívio, a solucão fácil e fantasiosa que procuramos, mas também provoca dor, desesperança, reflexão sobre nossas responsabilidades, ou a falta delas. Fica também um sentimento de impotência, mas então aparece a tropa de elite (sei que é ficção), incorruptível, treinadíssima, consciente de sua função, ou seja, quase uma entidade que vem proteger e salvar o cidadão comum. Aí é outra história. Volto ao filme daqui a alguns dias, talvez.
A foto mostra meu personagem preferido, Cap. Fábio, interpretado por Milhem Cortaz.

Um comentário:

Anônimo disse...

acho q talvez eu seja um dos poucos seres q ainda não viu tropa... mas vou ver logo para poder comentar aqui.
de qq forma, acho q questão da violência não é só social ou econômica, mas cultural tb.
bjks